Olho para frente. É, a explosão aconteceu. E foram minhas mãos que plantaram
a bomba-relógio.
Cinismo, cinismo... eu não queria acreditar que a bomba que eu plantei iria algum dia
explodir. Quando o assunto sou eu, não deixam a coisa escapar muito, não.
No meio da poeira, eu preciso me achar. Preciso abrir os olhos, por mais que doam. Me feri, e feri aos outros também. O tardio
sentimento de culpa entalado na garganta não é o bastante. Nunca foi, nunca será.
Negligência. Ignorar o provável. Cinismo.
Olho para trás.
O caminho verde não nega que acertei meus passos em alguns momentos. Acertei, sim. Melhorei muito, de fato.
Mas continuo repetindo os mesmos erros das características recém-adquiridas. A grama é verde,
mas tem manchas visíveis. Odeio repetir o erro. Quanto mais três vezes.
O interior se isola, e o exterior pouco o afeta. A capacidade de absorção é praticamente nula.
Isola-se em sua própria bolha, ainda que frágil. Algo ainda há de a estourar.
Sou um homem de extremos. Espere tudo de mim. O improvável, também. Minha base é construida de princípios. Fortes.
O problema é que nem sempre eles são seguidos. Por conta de algo tão profundo quanto eles.
Alguém já conseguiu alcançar a perfeição antes? Ah, a busca continua.
Porém, quanto mais penso que me aproximo, na verdade mais me distancio.
É impossível equilibrar todas as peças. Olhamos umas, soltamos outras. É reação em cadeia.
Querer tudo calculado é impossível, diga-se de passagem. Chegou a hora de inovar. Reorganizar.
Cinismo, cinismo... me cega. Aprender a ser frio não é uma das melhores características
num ser humano. É pensar demais em si e pouco nos outros. É querer controlar os outros,
pensando no seu próprio bem. E isso cai na questão de equilibrar-se, novamente. É possível esse estado ser alcançado?
Quanto mais penso em mim como indivíduo, mais vejo-me fazendo parte da maioria.
Nem só de defeitos é feita uma pessoa. Existem pontos positivos. Que magicamente somem. Mas em uma toalha branca, onde há uma mancha,
para onde todos vão olhar? É que a mancha não é visível sempre.
O Romantismo e seu calor deram lugar ao gelado Realismo. E à introversão, também.
Cinismo, cinismo... quem brinca com fogo um dia ainda há de se queimar. É cinismo ignorar a possibilidade. E tem acontecido.
O dia sempre chega, é fatal. Fatal até demais.
Será a vida que me moldou ou eu que moldei a vida?
Ou há ainda a vida de moldar-me?
O quarto golpe pode ser ainda mais duro. E, nesse sim, as energias acabarão e o pequeno cairá. Pequeno esse que usa de sombra para
se fazer grande.
Cinismo, cinismo... já não o quero mais aqui.
Hei de pensar como hei de errar.
Vejo-me como meu principal inimigo.
Sucumbirei...
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